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Foto do escritorLaura Vassalli

O que é que tem no seu hemograma? (1) Os Glóbulos Vermelhos

Atualizado: 7 de mai. de 2021

Recentemente ouvi uma pessoa dizer: "Ah, minha saúde está toda muito bem checada, pois fiz um hemograma completo!". Pensei então que essa palavra "completo" pode gerar um pouco de confusão, e resolvi fazer uma série de posts que ajudem a entender um pouco mais sobre o hemograma.


O que um hemograma completo mostra são as informações de quantidades e características das três séries de elementos no sangue: Os glóbulos vermelhos, ou hemácias; os glóbulos brancos, ou leucócitos (leuco = do grego, branco); e as plaquetas.


Hoje vamos falar dos glóbulos vermelhos, ou hemácias, ou ainda eritrócitos (do grego antigo ἐρυθρός - eruthrós - Vermelho).


Glóbulos Vermelhos ou Hemácias (ou Eritrócitos)


Muito prazer, esta é a hemácia! Neste momento vários TRIlhões delas estão passeando pelos seus vasos sanguíneos. Elas são células vermelhas que parecem um disco fofinho, "bicôncavo" (ou seja, abaulado pra dentro dos dois lados) e cheio de uma molécula chamada hemoglobina.


A hemoglobina é uma molécula que se liga ao oxigênio que chega ao nosso corpo pelos pulmões, e o distribui pelo corpo todo, sendo este transporte basicamente indispensável para que você possa pensar, viver, sonhar, se alimentar, amar e ter energia para tudo isto.


O número de hemácias no sangue costuma ser uma das primeiras informações do hemograma, e abaixo deste número costumam estar presentes outras informações, que são usadas pelo hematologista para diagnosticar uma série de patologias relacionadas aos glóbulos vermelhos, como as anemias, por exemplo, ou as chamadas poliglobulias.

Dentre estas informações, estão as que informam a concentração de hemoglobina (Hb) no sangue, o volume médio das hemácias (VCM), pois existem patologias que geram células menores, como a talassemia e a anemia por deficiência de ferro, e outras que geram células vermelhas excessivamente grandes, como a anemia por deficiência de Vitamina B12 e Ácido Fólico, por exemplo, além da quantidade de hemoglobina em cada hemácia (HCM), que também está alterada em uma série de distúrbios hematológicos. Além disso, existe uma informação chamada RDW, que é uma medida de dispersão, ou seja, ela serve para mostrar o quanto as hemácias têm tamanhos variados. Confundiu? Na verdade é relativamente simples.


Quando as hemácias são mais ou menos do mesmo tamanho, o RDW é baixo, e quando elas têm uma variação grande de tamanho, com a chamada anisocitose, comum por exemplo na anemia por deficiência de ferro, mas também em várias outras patologias hematológicas, o RDW é mais elevado.


Muitos estudos têm sido feitos a respeito das células vermelhas, e nos mostram que elas afinal, não têm apenas relação com as anemias e poliglobulias, podendo estar relacionados a muitas questões de saúde geral, e mesmo a outros órgãos e sistemas.


Alguns estudos recentes implicaram o RDW como um elemento associado à fragilidade do paciente e a um risco maior de eventos adversos e risco cardiovascular. Apesar disso, existe a necessidade de vários outros estudos para a padronização deste marcador, e para que possamos afinal entender melhor o seu significado e o seu uso na prática clínica.


Gostou do texto? Na continuação desta série iremos conversar sobre os outros elementos do nosso sangue, como os glóbulos brancos e as plaquetas.


Bibliografia:


Fava C, Cattazzo F, Hu ZD, Lippi G, Montagnana M. The role of red blood cell distribution width (RDW) in cardiovascular risk assessment: useful or hype?. Ann Transl Med. 2019;7(20):581. doi:10.21037/atm.2019.09.58


Zago MA, Falcão RP, Pasquini R. Hematologia: fundamentos e prática. 2004


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